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Arquitetos: RAMA estudio; RAMA estudio
- Área: 350 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Jag Studio
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Fabricantes: Andrés Vasco, José Guamán, José Pillajo, Maderas Guerrero, Willians Romero - Hierro Hogar
Antecedentes
A Casa Lasso é um projeto de residência unifamiliar localizado na província de Cotopaxi, região de Lasso, Equador. O terreno faz parte de um loteamento chamado de "Ranchos San José", bem no meio da área rural de Cotopaxi. Os clientes desejavam um casa de familia para descansar e aproveitar as vistas deslumbrantes da paisagem natural de Lasso.
Para o desenvolvimento do projeto foram consideradas várias condicionantes relativas ao terreno, como acessos, fluxos e orientação. A Casa Lasso foi concebida segundo critérios de arquitetura passiva, considerando principalmente, técnicas tradicionais de construção, materiais e mão de obra local, incentivando a prática de sistemas construtivos vernáculos de Cotopaxi.
A ideia
A casa foi pensada a partir de sua materialidade. Paredes de taipa foram utilizadas para sustentar a estrutura da cobertura. Ao todo são cinco paredes auto-portantes implantadas paralelamente no sentido longitudinal do terreno. Elas são responsáveis por proteger a casa dos ventos fortes, constituindo uma fachada cega que contribui com a manutenção das condições de conforto no interior da casa. Cada parede foi construída com 40 cm de espessura contando ainda com contrafortes de 80 cm distribuidos de acordo com as necessidades estruturais específicas e o projeto de mobiliário embutido. O mobiliário se acopla nos intervalos da estrutura para aproveitar os espaços residuais, definindo assim os espaços da cozinha, incorporando camas, estantes, armários, etc.
El HOGAR, ou lareira, é o elemento que articula os espaços da casa. O fogo representa o lugar de encontro e sociabilização da família. Ela marca o coração da casa, o ponto de para onde convergem todos os fluxos, conectando a área de repouso com às áreas sociais. A lareira fica no ponto mais baixo da casa, um rebaixo intencional concebido para enfatizar a ideia de ACOLHER (reunir a família).
A partir de seu centro, a casa proporciona uma série de espaços abertos e interconectados, as paredes divisórias foram eliminadas dando lugar à sistemas de portas pivotantes que permitem subdividir os espaços de acordo com as necessidades específicas de cada momento.
Estes painéis assumem tanto as funções de paredes, portas, fechamentos e isolamento térmico. Este sistema permite a abertura total da casa para o exterior, ou a estanqueidade perfeita enquanto fechados.
A cobertura em duas águas possui sua cumeeira sobre uma viga treliçada monumental, a qual encontra-se apoiada sobre uma das paredes auto-portantes da casa. O espaço junto à viga proporciona um pé direito suficiente para a implantação de um mezanino, desde onde é possível acessar as melhores vistas para a paisagem natural de Lasso.
As vigas de madera se apoiam sobre as paredes de taipa, com uma diferença de nível de cumeeira de setenta centímetros. Esta defasagem permitiu-nos criar aberturas zenitais, banhando os espaços da casa com iluminação natural difusa.
A ampla área social que ocupa o espaço sob as treliças de madeira, encontra-se aberta em suas duas extremidades, aonde encaixamos duas plataformas de acesso que nos levam até o terreno, abrigando um vestíbulo de acesso junto à fachada frontal, e um deck com fogão na plataforma posterior da casa.
A área íntima da casa está subdividida em dois espaços, o primeiro se configura em forma de dormitório coletivo com seis camas embutidas na parede de taipa, e o segundo acolhe a suíte do casal. Ambos espaços podem ser integrados quando os painéis pivotantes encontram-se abertos.
A casa foi planejada com sistemas internos de reaproveitamento de águas cinzas e águas pluviais além de estar desconectada da rede pública de esgoto.
Paisagem
O terreno é bastante árido devido a presença de florestas de eucalipto nas proximidades. Estas espécies são conhecidas por tornar o solo infértil, impedindo que qualquer outra espécie de vegetação possa crescer sobre a sua sombra. Para fugir desta limitação decidimos criar pequenas ilhas de vegetação nativa, momentos de resistência natural. Estas ilhas deverão se fortalecer com o passar do tempo até tomar conta de todo o terreno, eliminando os eucaliptos intrusos.